domingo, 27 de março de 2011

Raça não existe. Coelhinho da Páscoa também não

O DEM se manifestou contrário ao princípio de cotas. Novamente. Disse, em nota, que isso fere a igualdade e corrobora para o racismo, uma vez que a divisão da humanidade em raça não existe.
Da mesma forma, não existe a divisão natural da humanidade em ricos e pobres. Muito menos é característica intrínseca à espécie alguém viver da exploração do trabalho do seu semelhante. Creio também que não está escrito em nosso código genético: “tu, iluminado, terás 150 mil hectares de terra” e “tu, boçal, não terás nada além da cova pro teu defunto”. Não há um estudo honesto que aponte relação entre inteligência e cor de pele. Ou uma alguma razão biológica que faça alguns preferirem caviar enquanto outros curtem mesmo um bom acém com osso.
Se essas diferenças não vêm de fábrica, porque é que elas teimam em acontecer?
Ignorar um problema gerado pela ação do próprio ser humano não faz ele desaparecer. Confiar no mito da democracia racial brasileira, construído para servir a propósitos, é tão risível quanto ser adulto e esperar um mamífero entregador de chocolate ou caçar um homem barbudo com saco vermelho. Realmente, negros e brancos deveriam ser tratados como iguais uma vez que são iguais. Mas, historicamente, a eles não foi dado o mesmo tratamento. Encarar pessoas com níveis de direitos diferentes como iguais é manter o nosso bizarro status quo.
Lembrando que, em março do ano passado, durante audiência no Supremo Tribunal Federal para discutir o sistema de cotas em universidades públicas, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) praticamente afirmou que escravas negras não foram violentadas pelos patrões brancos, afinal de contas “isso se deu de forma muito mais consensual” e “levou o Brasil a ter hoje essa magnífica configuração social” de hoje. Que no dia seguinte à sua libertação, os escravos “eram cidadãoz como outro qualquer, com todos os direitos políticos e o mesmo grau de elegibilidade” – mesmo sem nenhuma política de inserção aplicada.
Se considerarmos que esse discurso feito em nome da igualdade não é um ataque à reserva de vagas para afrodescendentes e sim uma defesa da elite política e econômica que controlou a escravidão no país e que, com algumas mudanças e adaptações, desembocou em setores do próprio DEM, é tudo muito compreensível.
O Brasil ainda não foi capaz de garantir que os filhos dos libertos fossem tratados com o respeito que seres humanos e cidadãos mereciam, no campo ou na cidade. Herança maldita presente na sociedade. E mantida viva por discursos e justificativas como esses. Tudo tratado com a maior naturalidade.
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POR SAKAMOTO DO SITE UOL

2 comentários:

  1. Não quero aqui neste post fazer defesa de partido político, pois, como escreve o festejado escritor e dramaturgo brasileiro, Millôr Fernandes: “A diferença fundamental entre Direita e Esquerda é que a Direita acredita cegamente em tudo que lhe ensinaram, e a Esquerda acredita cegamente em tudo que ensina”. Partindo dessa verdade, analisemos o fato em si. O Brasil é de fato um país multirracial, país no qual convivem pessoas iguais de forma desigual, e não me refiro aqui apenas quanto à questão biológica, econômica e racial, analiso aqui a historicidade da dignidade humana.
    Os negos, escravos do Brasil recém descoberto e os do Brasil livre da escravidão, são os mesmo, pois uma vez livres das amarras da casa grande, viram-se prisioneiros da liberdade tão desejada. Isto por que, a falsa liberdade concedida pela Princesa não trouxe consigo a terra, o trabalho, a instrução, e o preparo para a vida social. Soltaram passarinhos em uma gaiola maior, só isso. Em uma gaiola onde existe a fera humana pronta para devorá-lo. Sei que nesse país as políticas públicas nunca foram realmente políticas de inclusão social, mas sim de exclusão. E isso não acontece somente com o negro, acontece com o índio, com o nordestino, com o Gay e com pobre, que ousam viver em uma terra que deveria ser sua por direito, mas que seus donos de fato os consideram” Personae non gratae” .
    As cotas raciais contestadas pelo DEMOCRATAS , é objeto de um principio democrático, qual seja: Dar a cada um o mesmo ponto de partida. Porem há uma grande diferença entre os que estão na linha de largada, nessa corrida a elite vai de F1 e o pobre-preto-nordestino vai a pé. As cotas vêm para dizer que os que estão a pé correram com seus iguais, é a velha máxima Aristotélica de Tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de sua desigualdade. Não é o correto. O correto seria que o Estado usando o seu dever de proteção fornecesse as condições para que essas medidas de proteção não precisassem existir, mas o Estado é omisso, incompetente e puramente elitista. Sabidamente, um como eu, pobre, nordestino, não sei se preto, branco ou índio, pois nunca entendi muito bem essa definição de raça, não chegaria salvo raríssimas exceções à Universidade. Essa chegada até aqui, devo as cotas. Não repudio a atitude do DEM, até por que as cotas não é consenso nem entre os próprios negros. Vejo esse questionamento legitimo como sendo uma excelente oportunidade para discutirmos essa questão que tanto afeta a sociedade brasileira.
    Gilberto Freyre, apesar de nunca ter pronunciado a expressão “Democracia Racial” ficou marcado como o descobridor dessa democracia que só fugia aos olhos dos brasileiros, vale lembrar que os estrangeiros que aqui desembarcavam não conseguiam entender com um povo racialmente tão diferente convivia em tão grande harmonia. De certa forma a casa grande, o senhor de engenho e as negras contribuíram para a formação desses Brasil plural. As negras violentadas, mães de filhos sem pais e os senhores de engenho, pais sem filhos. Em uma analogia diferente entre a pluralidade brasileira praticada e forçada pelos senhores de engenho e a separação Nazista da segunda guerra flagra-se o grito da democracia, gritando a todos que a democracia é o direito de escolha.
    Não sou adepto da visão Aristotélica de definir o homem pelo seu nascimento, entendo que devemos desobedecer às barreiras impostas e olhar do outro lado do muro para assim podermos fazer o julgamento correto.
    O DEM ousa discordar, mas não é uma posição solitária, provavelmente existem muitos outros inclusive de partidos socialistas que são contrários, mas que para não passarem por anti-socialista se escondem atrás da saia da covardia, pois como ensina o saudoso Primeiro Ministro Britânico, Winston Churchil: “Algumas pessoas mudam de partido em defesa de seus princípios. Outras mudam de princípios em defesa de seu partido”
    Sim às cotas!

    Salvador, 27 de março de 2011.

    Att,
    Saulo Bezerra Novaes

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  2. também concordo com às cotas:não sei se
    por questão racial,más com certeza por questão financeira(já que temos negros,indios,etc.no alto escalão financeiro).
    penso que o problema consiste mesmo na falta de investimento na educação pública no país,pois a classe menos favorecida engloba pessoas de todas as "raças".claro que em numéros diferentes.isso sem falar que definir quem é preto,branco,pardo,amarelo,etc. no brasil,é um tanto complexo.

    sabido que a base é educação,quem sabe começando agora(que duvido muito,pois a élite necessita da classe inferior pra cuidar de tudo em troca de uma esmola "mínima"),em 2050,o problema esteja pelo ao menos parcialmente resolvido.e quem sabe,com sorte,deixaremos de ser emergentes.

    INTÉ...

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