terça-feira, 5 de abril de 2011

foto com história : A RUA GRANDE de novo, um pouco da dinâmica do espaço!

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ESSA É UMA FOTO DA RUA GRANDE DE UIBAÍ( AVENIDA PEDRO MACHADO) NA PRIMEIRA METADE DA DÉCADA DE 80 do século XX.

A rua grande é nossa artéria principal, aliás hoje só podemos dizer q é a principal pelo peso SIMBÓLICO de sua HISTÓRIA e por possuir o principal prédio de todo o municipio( o da prefeitura), sabemos q a artéria mais dinâmica e movimentada na cidade hoje é a avenida p.dutra( não gosto desse nome e espero q um dia seja mudado, chega de costa e silva, dom pedros, castelo branco, desses troços q nada tem a ver com nossa história a não ser no mal sentido).

ESSA FOTO DE (PROVAVELMENTE DE 1984) portanto de quase trinta anos atrás, mostra como se dá a dinâmica do espaço geográfico q vai sendo moldado a todo momento obdecendo uma serie de fatores de ordem economica, pessoal entre outras, algumas coisas se vão e são logo esquecidas, outras se vão mas ficam dentro da gente, outras resistem por longo anos e ha outras q deviam ser eliminadas ou nem começadas, claro q nesse caso vai muito da particularidade e percepção de cada um.

NESTA FOTO AINDA NÃO SE V  a TORRE atual com sua "casa" ao lado e seu muro q não deveriam ser feitos ali onde na foto vemos um "terreno baldio" logo no primeiro plano, aquela "torre da telebahia" la ao lado do jardim foi desativada pra dar lugar atual q como disse enfeia e queira deus não traga porblemas de sáude pra população do seu entorno ja q se fala q esses troços de torres com "antenas de celular" e cia  saõ  passiveis de causar problemas de saúde. SE LGUEM SOUBER FALAR MELHOR SOBRE ISSO, AGRADEÇO...

APARECEM CINCO PESSOAS NA FOTO, do lado esquerdo um velho q imagino ser isaac carvalho com seu corpanzil ja alquebrado pela idade, la na frente em frente á casa de dalice de dominguin de leandro machado está um garota q vai subindo a rua, ja do lado direito tem um garoto rente á igreja "nova"( em construção) e á casa de floripes ou na de  sua mãe dona sinhá. Na frente da casa de dona maria de domingaõ ha duas pessoas, proximas ao poste. Essa casa na década anterior era uma das mais visitadas de uibaí pois era a casa do prefeito domingaõ machado, como tempo muda e as coisas tomam rumos diversos, hoje em dia, pra felicidade de dona maria raras as pessoas q perturbam sua paz.

OS POSTES AINDA SÃO OS MESMOS,  O foRMATO DA IGREJINHA DE 1888 TAMBEM, assim como contnuam o calçamento, os pés de manga do jardim do lado direito da igrejinha,  v-se tambme um dos antigos pés de manga no cercado de dona dalice ainda de pé hoje, assim como alguns dos coqueiros e felizmente a serra com sua vegetação caatingueira pouco mudou nesses quse 40 anos...

A S CASAS SOFRERAM BASTANTE MODIFICAÇOES, vejamos, do lado direito, começa-se pela casa de domigo véi de odetina, não é mais assim, a casa de tia fulozina q hoje mora seu filho tarcizin tambme nãoé mais daquele jeito, o "depostinho branco" onde antigamente fikava a casa da véa brigida de cassimiro budin continua praticamente do mesmo jeito, a casa de verneú feita em 1927 por teodolino cambuí num tempo em q quem era de classe média e alta faziam  acertadamente casas altonas com toras de aroeira dando suporte, uma dessas toras até hoje esta a vista firme e forte( vou mostra-´la em outro post), parabens a povo de verneú q refromou a casa mas deixou parte da história de nossa arquitetura á mostra.

DEPOIS VEM a casa q na época era de seu dário da toca de zé vaqueiro e dona miúda vaz, hoje de professora bola rocha carneiro ja totalmente remodelada assim como a de floripes logo depois, ja a de dona sinhá cujo  segundo poste está frente, continua do mesmo jeito, infelizmente a contragosto da familia, é uma pena pois se trata de uma casa com uma arquitetura chamativa no que disz respeito ao telhado. A minha ( e de minha irmã elóina) q na época de vó jovita e virgilio tambme modificou pouco, a de dona maria de domingaõ logo a frente  ja foi remodelada, daí pra frente houve bastante mudança em varias casas, algumas delas como a de cassimira professora ja nem existe mais...

PELO LADO ESQUERDO se começa pela casa do médico vilmar machado q não tem mais aquele formato, por outro lado, a garagem e a casa velha  de seu tio felipe  continuam pratikamente do mesmo jeito, a "casa nova" de felipe machado logo a frente tambme foi pouco modificada, essa casa junto com as de mané jualêro, a de cleofo e a de clide eram as casas mais "modernosas" e imponentes da primeira metade dos anos 80, felipe machado , mané ,cleofo e clide eram comerciantes, se beneficiaram da mudança do centro comercial da praça velha( marinho carvalho) pra praça nova( a da feira atual) nos anos 70, . AO se tornarem "elite" local, materializaram tal condição em casas grandes e de arquitetura diferenciada da época pegando como base casas do pessoal da elite de irecê q ja tinha se consolidado como "capital da nossa região".

DEPOIS DA CASA DE PORTAÕ DE FERRO de felipe e dona vanete carvalho, vem a casona estranha de adobo sem reboco de  abnério pimenta q foi feita nos anos 60 no lugar da casa de adobo da famosa costureira monica de chicaõ,  hoje é uma casa ajeitada onde mora a viúva rosa de abnério. Ali se v um antena de tv, penso q seja da casa de felipe> a  partir de 1982( ano de copa do mundo) as antenas de tv naquele estilo passaram a fazer parte da paisagem de uibaí (na area central, pois na periferia não) de uibaí, isso durou até meados dos anos 90 qdo as antenas parabólicas começaram a "tomá de conta" da área.

UM PEDACINHO DA CASA DE DONA DALICE ainda se v, assim como o muro q foi modificado, daí pra frente varias coisas foram modificadas, mas, vamos fikar por aqui...

ESPERO PERGUNTAS E CIA, vamos lá!!



13 comentários:

  1. então essa era a cara da rua grande,quando me jogaram no mundo???
    sinto enorme prazer em te conhecer.saudosa rua da matriz...
    viajei legal.....valeu celito!pela iamgem carregada de história.

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  2. Pois é, lembro de vcs morando naquela casa amarela perto de onde a garota vai subindo, v-se ainda o açogue de seu pai q se não me engano era em associação com domingo véi de odetina...

    AQUELE CASA TEM uma simbologia forte, ali no ano de 1879 o jovem casal justino p rocha e maria nunes da gama( a lindona do poço, o poço mantém até hoje a tradiçao) foram morar numa casa de enchimento mas q só tinha um quarto sem janelas( chamado de CAMARINHA na época, onde fikavam as moças donzelas)...

    MAIS ABAIXO morava o irmão de justino francisco p rocha neto, o chiquin torrado com sua feiona joaquina rocha silva( da familia de beto lelis, q a mesma rocha nossa), joaquina era parteira e "pegou" a carga de filhos q maria teve, uma delas , cassimira de leandro era de joão grande cunhado de justino...

    NA DÉCADA DE 80 qdo os canabrabêros quiseram fazer a igreja , deu bode, o povo de clemente quria onde hoje é largo onde mora sua tia GINA DE DIDI ja o povo de isabel queria onde é hoje, a igreja foi construída quase colada na casa de justino, o filho mais católico de isabel, opvp de clemente( quincão,jove, lelé e cia) ficaram doidos e levaram um certo tempo pra entrar na igreja dos "cazuza-zabel"...

    O INTERESSANTE É, COMO HOJE OS ROCHA-MACHADO sempre viveram de AMOR E ÓDIO, tempos depois do racha, filhos de jusitino e filhos de quincão se msituraram em vários casamentos, eram parentes, eram muito trabalhadores e vistos como "ricos", vários eram "brancos" dos dois lados, enfim, houve todo um jogo complexo de tradição e interesses, o certo é q eram elite e até hoje mandam em uibaí social, economico e politicamente( ja ta na hora de haver um rodizio ou uma mudança nisso, penso)...


    A CASA DE ENCHIMENTO foi derrubada na década de 40 qdo odilon,o filho mais novo de justino resolveu construir uma nova casa, agora de adobão e mais "moderna", depois passou pra gilberto filho dele e hoje me parece q é de renato de dominguin, primo de gilberto pois era sobrinho paterno de odilon, ou seja , ainda é dos "justinos", ops, dos "MARIA DE JUSTINO" a casa..

    mas vc deveria comprá-la a renata cangaço, e refaze-la, não mais de enchimento mas poderia deixar algumas coisas rústicas como fez o povo de verneú na casa deles q é dos anos 20... vc talvez diga: é cumpadi mas o povo de de verneù tem uma grana mais gorda!!

    Sendo assim, o negocio é esperar q as coisas melhore pra depois quem sabe vcs tenham de volta a opedaço de chaõ q foi por mais de 100 anos um dos mais emblemáticos de uibaí??

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  3. mas rapaz,com um detalhe la lonje,de uma casa amarela,que quase não aparece,numa foto antiga,tu me diz isso tudo.
    é regmendes parabéns!!pelo seu trabalho e dedicação ao nosso pé de serra.tu sabe d+ cabra véi!!!

    e essa suposta elite mandante até hj,quem seriam?
    pq sendo todos nós rocha-machado,a mudança no dominio que almeja,não seria exatamente uma mudança de familia(tribo) mas de nivel social?

    sobre voltarmos a ser donos da casa na rua grande,isso nunca saiu de nossas(minha) mentes,desde quando mudamos.ou melhor ja saimos querendo voltar.
    más pense ai,um pobre comprar um bem de quem não precisa de dinheiro!!!só se ele entendesse o valor histórico-cultural que ela tem pra nós.
    talvés com um argumento fundamentado nesse seu texto,ele poderia até nos vender.más ai vem a questão do dinheiro...até pq quem se preocupa mais com essa pare cultural,la em casa sou eu.os demais,acho que no maximo um pouco de saudade,lembranças.
    e eu andei gastando os trocados que consegui economizar(sou péssimo nisso)em algumas tarefas de caatinga por ai,antes que queimem tudo.
    garantindo assim um taco de mato pra um matuto respirar ar puro daqui uns dias.

    valeu regmendes,aind quero aprende muito com vc.
    sou amante da história,só nunca entrei na faculdade,pq não pretendo ficar por aqui tanto tempo.e eu passando em outro concuso pra nossa região,posso aprender muito,sem precisar nescessariamente ser graduado,ja que não almejo lucro,sim sabedoria.tenho esperança em projetos como"uma universidade popular alternativa sertaneja",que vi no mvive.
    chega imaginei tudo,sonhei junto com vcs!!!com certeza,me esforçaria pra ser um dos primeiros da fila..

    SAUDAÇÕES AOS QUE TEM CORAGEM,
    AOS QUE NÃO ESTÃO AQUI PRA QUALQUER VIAGEM!!!!

    INTÉ!!!..

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  4. Meu curiosidade, sabe como foi construida a Igreja, esse recurso vinha de onde , tenha dinheiro do municipio .. e a igreja nova surgio em qual contexto ?

    Abraços e Parabéns...

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  5. JORGE, A IGREJINHA FOI FEITA AO ESTILO ANTIGO, primeiro se sensibilazava o padre( tinha peso quase de um perfeito) da necessidade do "templo mór" da fé catolika, depois se pedia ao poder público pra doar o terreno caso esse fosse publico ou então se pedia a alguem caso o local escolhido tivesse dono...

    aqui "eu bode" pois, as duas familias( na verdade era todo mundo rocha-machado, mas havia várias subdivisões q obedeciam carater socio-economico entre outros)principais qq ueriam num determinda lokal como falei, não sei por qual motivo o padre e talvez a elite politica de xiq-xiq( talvez a troko de apoio poltico ja q a famila de isabel era maior) fez com q se fizesse ali onde ta até hoje...

    ESCOLHIDO O TERRENO, FAZIA-SE ( e ainda se faz, a da quixabeira q não tem 30 anos foi nesse mesma balada)uma CAMPANHA DE ARRECADAÇÃO DE FUNDOS, o livro-ouro é a forma mais badalada, pois até os mais humildes entravam com uma quantiazinha e assinavam seu nome no "livro de deus" ja os "ricos" entravam com um boi, x mil réis e assim se juntava uma grana pra contratar um pedreiro experiente assim como um bom marceneiro ( aqui o serviço foi feito por joaõ grade ferreira santos, trisavô de xia e zenilto q mantem a tradição)e material de construção, tambme...

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  6. ja a igreja nova é um história toda troncha jorjão, vou fazer um (troncho mas sincero resumo).

    No final do governo de domingaõ( 1976-82)foi ampliada a recem criada DIOCESE (ou paroquia ??)DE IRECÊ, uibaí pertencia a de xiq-xiq mas passou a de irecê q teve como uma das inciativas criarr casas paroquias em varias sedes de municipios da nova paroquia ou diocese
    Ha de se lembrar q nesse período a cidade de uibaí vinha crescendo e sendo destaq como TERRA DE AGUA FARTA, colegio de renome(cnec) e produzia á rodo frutas, hortaliças, feijões, mamona, milho , ou seja, passava um razoável momento economiko,com o comercio crescendo e atraindo gente dos povoados, do vale do rio verde e varios "nortistas".

    Por outro lado vivia-se o caos administrativo, o segundo governo de domingaõ penso q foi pior da história de uibái.
    Ele se preocupava mais com as fazenda em goiás q com aqui, a equipe era escabrosa, a igreja católika ainda tinha muito peso, foi enviado pra cá como primeiro padre a morar na casa paroquial um senhor de us 45 anos pernanbucano chamado olezil, esse padre, negro, gordo não agradou o povo, era enfezado, estranho e dizem q corrupto até a medula(PENSO Q ERA MESMO, MAS O RACISMO CONTRIBUIU MUITO PRA TAMNHA OJERIZA DO POVÃO), ele não teve dificuldade em consegui a licença da prefeitura pra ADQUIRIR O o terreno pra construção da igreja nova...

    AINDA NO PERIODO DE OLEZIL SE COMEÇOU A CAMPANHA PRA construção da nova igreja, mas a coisa não andou, levantou-se uns pedaços, porem o padre mafioso caiu fora e ficou o impasse , parte da população queria continuar a campanha, parte não queria, varias pessoas achavam errado a igreja ali, alguns jovens da classe média de orientação esquerdista( bem conhecidos seus) e outros chegaram a derrubar pedaços das paredes numa madrugada, deu bafafá mas como tinha gente da "alta" no esquema, deixaram queto...

    TODO PADRE Q VINHA começava uma campanha pra tentar levar a frente a construção, enquanto isso era um horror aquela obra inacabada cortando anos, começava e parava, só na década de 90 é q se cosnseguiu inaugurar a igrejona...

    Tem mais detalhes e lances interessantes acerca da historia da "igrejona", mas por enquanto vou fikando por aqui...

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  7. beleza celito,ja ficou mais claro!!!
    eu penso tb que deveria,ou melhor deve acontecer
    um grande mudança,uma inversão no quadro politico de uibai.
    até pq,as que ocorreram,inclusive a ultima,deixa claro que de fato,no geral,pouca coisa muda.

    dai também concordo em nortistas,os de fora,encorporarem o espirito uibaiense,e que entrem de verdade na luta por dias melhores.(taí manivela,chegando de fora e ja representa os serranos...eu preferia um uibaiense,más essa é minha opnião.até pq tem servido de fantoche pra galera que detem conhecimentos:sim dr. é mesmo dr.sem argumentos pra questionar ou discutir.ja se sentindo,só por estar perto da élite)

    acredito que a inversão dara certo,se quem sair das camadas mais baixas da sociedade(indepedente do sangue),detenha também conhecimentos,espirito solidario-social,e capacidade para primeiro se auto-governar,etc.
    nesse ponto vemos uma carencia nos "forasteiros",pois na maioria,vem pra trabalhar na roça,sem muita instrução,e passando essa cultura de pai pra filho.
    sendo assim vai demorar um pouco pra que possam de fato concorerem a um cargo politico de peso.
    então,enquanto isso,devemos pensar em filhos da terra,que ja sairam,se graduaram,e que teham uma visão diferente dos que ja foram testados.
    que não teham como aperfeiçoamento,a exploração do povo,e o favorecimento de poucos,ou dos mesmos.
    aposto nessa nova geração,que discutem,citam ideias e projetos,com um otimo embasamento,e sem(ao que aparenta)ganacia por acumulo de capital.

    tomara que não amadureçam suas ideias perto dos lideres mais velhos,evitando assim a contaminação.

    INTÉ...

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  8. Oi Celito!
    Vou terminar acreditando que faço parte da elite uibaiense...

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  9. ola edmimário,não ha dúvidas de q vc faz parte da ELITE de uibaí,inclusive da elite pensante, seu altruísmo e a paixão pelo caatinguerismo uibaiense o faz agir como poucos da elite q entre outras coisas prezam pela ostentação, consumismo e exploração da maõ de obra pra continuar acumulando riquezas materiais, sua ascensão socio economica no meu entender, não o cegou socialmente e até faz com q vc possa agir com maior facilidade, tomando aitudes de forte carater coletivista, nem todo mundo da elite é necessariamente "do mal" assim como nem os todos da ralé ou algo do genero são do ou pelo "bem", infelizmente!!

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  10. "esses troços q nada tem a ver com nossa história a não ser no mal sentido". Tem toda razão, caro professor,deveria ser de pessoas da terra. O "pé de galinha" deveria se chamar assim, mostra a criatividade.

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  11. Este comentário foi removido pelo autor.

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  12. Olá.
    Contribuindo sobre a questão da Igreja. No período colonial, o Estado Teocrático Português possuía um dispositivo de povoamento chamado de capelania. Funcionava da seguinte forma: um proprietário doava algumas braças de terra para um santo. Essas terras poderiam ser ocupadas para construção de moradias com terreiros, dentro de determinados limites. O morador recebia o terreno de graça, mas devia uma quantia, quase simbólica, paga anualmente a um santo. O vigário, como procurador de Deus na terra, recebia e administrava o dinheiro do santo, que servia para a construção de um templo e depois para a sua manutenção, exclusivamente. Os padres recebiam as congruas ("salário" clerical) - como disso, o Estado Português era teocrático e os padres eram funcionários públicos. Por consequência, a capelania acabou emprestando o nome para o templo - capela. A manutenção coletiva do templo, também virou tradição popular e não faltam igrejas nos povoados feitas com mutirão e arrecadação, como Celito descreveu muito bem. Morro do Chapéu é um exemplo de povoado que começou com a capelania - não estou aqui com o livro de Jubilino Cunegundes, que tem o documento de doação de terras para a capelania de Nossa Senhora da Graça.

    A respeito da questão da elite, em alguns textos desenvolvi a ideia de que na velha Canabrava existe uma elite local que chamei de pequena-burguesia agro-mercantil. A ampla maioria dos chefes da história tinha um pé na terra e outro no comércio. Como ambos são muito instáveis, a partir dos anos 1970, a elite local passou a se reproduzir enquanto elite através do ensino superior. A CEU de Salvador foi criada para isso. Basta pegar a lista dos fundadores da CEU e percebe-se que dos quase vinte residentes, um era filho de funcionário público, uns três de um comerciante da Praça Nova, três filhos do primeiro prefeito, dois filhos do prefeito de então, quatro filhos de um fazendeiro e ex-vereador por Xique-Xique. Mais de 90 % desses viraram engenheiros e médicos. No fim dos anos 1970, é que a casa começou a se proletarizar, sendo que a CEUBRAS já nasceu proletária e a CEU de Salvador virou casa de pobre nos anos 1980. Porém, a elite local continuou se reproduzindo no ensino superior, como faz até hoje. Em verdade, na região de Irecê, apenas na capital, a elite se reproduz nos próprios negócios - nas Caraíbas, dei aula para a elite e filho de comerciante rico cursa administração, direito (focando no administrativo), ciências contáveis, zootecnia ou agronomia (quando é irrigante bem-sucedido), quando cursa, para assumir os negócios do pai. De resto, a elite local sabe que hoje se está nas tetas gordas da prefeitura, amanhã pode estar na amargura. E nada melhor do que garantir sua situação de classe média com filhos médicos. Famílias de atifundiários do passado que não investiram no ensino superior muitas vezes foram perdendo os recursos até ficarem pobres. Veja os casos de Zé Nunes, Zezinho da Fazenda, Antônio de Cadete, entre outros. Por isso, entre outras razões, a educação é tão valorizada em Uibaí: aqui, ela é meio de ascensão social. Em Irecê, meus alunos diziam "oxe, pai é negociante, não sabe fazer um ó cum um copo e é rico e você, professor, estudou e tá aí andando de pé, eu vou estudar pra quê?".
    Como ricos e pobres são da mesma aldeia, a tribo Rocha-Machado-Carvalho, isso acaba dificultando a organização dos trabalhadores. Afinal, os opressores diretos tem uma ligação familiar-afetiva com os oprimidos. Paulo Freire, em Pedagogia do Oprimido (um dos livros mais geniais já escritos), diz que o oprimido introjeta o opressor e deseja sê-lo. Quando o opressor é da mesma tribo, a identificação fica mais fácil e a oposição mais difícil. É mais fácil o Machado Rocha pobre se identificar com o Rocha Machado rico do que com o Mendes, o Barreto, o Lopes, o Amorim, o Dantas, o Martins, o Cunha, o Souza, o Silva, pobres como ele, mas nortistas, mateiros, serranos, caririzêros, enfim, forasteiros.

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