Num artigo do senhor em que propunha
refundar a ÉTICA diante da crise mundial de valores. Que caminhos temos
hoje neste sentido?
Todos os códigos éticos atuais provêm de culturas regionais. Cada
cultura produz seus parâmetros éticos para poder criar a convivência
mínima entre todos. Ocorre que hoje vivemos uma fase nova da Terra e da
Humanidade, a fase planetária. Todos estamos juntos na mesma Casa
Comum. Ninguém tem direito de impor seus valores particulares ao todo.
Por isso deve-se refundar a ética a partir de algo básico, comum a
todos, de forma que todos possam se identificar com aqueles valores e
princípios. Eu vejo que o eixo se estrutura ao redor dos valores
ligados à vida, à Humanidade e à Mãe Terra. Para mim cinco são os
valores de base: o CUIDADO para com todo o ser; a COMPAIXÃO para com
todos os que sofrem na espécie humana e na natureza; COOPERAÇÃO de
todos com todos porque foi a cooperação que nos permitiu o salto da
animalidade à humanidade; a COORESPONSABILIDADE por tudo o que existe e
vive; devemos ter consciência das conseqüências de nossos atos, alguns
dos quais podem ser letais para toda a espécie humana; um "senso mínimo
espiritual" segundo o qual a vida tem sentido, o universo não é absurdo,
a verdade sempre representa um valor e o "amor" é o laço que une todos os
seres e traz felicidade à vida.
O teólogo e filósofo Leonardo Boff tem dedicado-se nos últimos tempos à
luta por um novo paradigma ecológico. Autor de mais de 60 livros nas
áreas de Teologia, Ecologia, Espiritualidade, Filosofia, Antropologia e
Mística.
TEXTO VINDO DO BLOG INSTITUTO ZEQUINHA BARRETO a partir de uma entrevista de boff ao jornal BRASIL DE FATO
Celito:
ResponderExcluirO incansável e lúcido Leonardo Boff procura sempre jogar luzes nos porões escuros de nossa civilização, com uma capacidade extraordinária de mostrar que nós, raça humana, precisamos evoluir juntos, sem exclusão.
Fico muito feliz quando sou abordado pelos mais jovens (neles depositamos muito de nossas esperanças). Um dia destes no Grêmio Cultural Voz do Povo foi interpelado por um deles que disse: Achava, pelo seu histórico, que você defendesse radicalmente a ditadura do proletariado. Sem entrar no mérito da questão (que pode, hoje, ser melhor compreendida com a leitura do livro Era dos Extremos, de Eric Hobsbawm) expliquei que talvez seja melhor gastar nossas energias em uma causa que possa salvar todos.
É certo que devemos fortalecer sempre as lutas das minorias, mas entendendo, como deixa claro Leonardo Boff, que não há solução eficaz pelo caminho do sectarismo. Ou nos salvamos todos ou desaparecemos.
A propósito, um artigo publicado na semana passada nas Atas da Academia Nacional de Ciências (PNAS) informa que mais de 1 bilhão de pessoas enfrentarão uma grave escassez de água em 2050 na medida em que o aquecimento global piorar os efeitos da urbanização.
Nunca foi tão premente agir.
Edimario
pelo fato de ser SOCIALISTA vejo e sinto q o CAPITALISMO é exploração, degradação, morte, exclusaõ, porém o q atordoa nós de esquerda é como construir um socialismo diferente das tentativas fracassadas do século xx e das incertezas em relação ás experiencias coletivista como a dos ZAPATISTAS DO MÉXICO q foge a ditadura do proletariado, foge á lógica do ESTADO paizão e patrão mas ainda é cedo pra se dizer q é um modelo realmente interessante q deve ser disseminado pro resto do mundo...
ResponderExcluirCOMO VC DISSE EDIMÁRIO o velho boff joga luzes nesta escuridão q nos ameaça, espero q essas luzes acendam na gente por bem ou mal um senso coletivita pois, o tempo urge se é q ainda se tempo pra alguma coisa e relação ao ser humano!!
"A propósito, um artigo publicado na semana passada nas Atas da Academia Nacional de Ciências (PNAS) informa que mais de 1 bilhão de pessoas enfrentarão uma grave escassez de água em 2050 na medida em que o aquecimento global piorar os efeitos da urbanização.
ResponderExcluirNunca foi tão premente agir."
QTO A ISSO PENSO O SEGUINTE, no caso do brasil a crise só acontecerá se formos estupidamente mais incompetentes e sacanas como somos, pois se ativarmos a inteligencia pra utilizar tecnologia como ja se usa pra explorar petroleo nas profudezas do fundo mar e como se usou pra descobrir ALCOOL como combustivel alternativo poderemos explorar com tranquilidade os nossos gigantescos AQUIFEROS sendo o mais conhecido deles o GAURANI e assim termos águas pelo menos por milenios e ainda OFERTARMOS o bendito bem como "bem" e não como PRODUTO a quem precisa, portanto vejo na questão ÁGUA NO FUTURO mais como uma questão de inteligencia-tecnologia e acima de tudo SOLIDARIEDADE pois o q vemos é q parece querermos( a elite inclusive a do pt) deixar isso queto agora pra usar como BARGANHA lucrativista FUTURAMENTE, aí tem q virar guerra memso!!1
Não acredito em projetos e planos generalistas baseados em conceitos abstratos como ética, novos valores ou sustentabilidade. Prefiro aqueles que dizem abertamente o que são e o que querem: daí, sim, o movimento classista propõe o socialismo e fala em ditadura do proletariado. O PT abandonou o classismo e adotou a tal "ética na política" e se transformou no partido de carreirista do mensalão. Marina Silva é a que mais fala em sustentabilidade, mas estava numa chapa em que o vice era um microempresária acusado, entre outras coisas, de biopirataria.
ResponderExcluirPara mim, o conceito de ditadura do proletariado não guarda grandes problemas de conteúdo, já que todo regime é uma ditadura de classe. O Estado português - o primeiro estado moderno da história - surgiu na crise da idade média como uma associação de guildas e comerciantes que precisavam garantir a ordem para o bom desenrolar de seus negócios privados. Foi esse Estado que colonizou o Brasil e, quando houve desentendimentos entre a elite brasileira e a portuguesa, houve a ruptura e construção do Estado nacional brasileiro. Sua finalidade, desde a concepção, era o gerenciamento e garantia dos negócios privados. A luta dos trabalhadores (escravos, camponeses, escravos, mulheres, negros) é que foi tornado o estado poroso e permeável a interesses populares como previdência, proteção, educação, saúde e outras políticas públicas e foi o movimento dos trabalhadores e de setores politizados da classe média que sempre derrubou os regimes ditatoriais. Vivemos num regime de classe, numa ditadura burguesa. Defendo o conteúdo do conceito de ditadura proletária, embora não concorde com sua forma. E também não passa por minha cabeça em hipótese alguma que o que se realizou no século XX e foi definido como "socialismo" seja algo parecido com o projeto vivo e latente que nasce em todas as partes em oposição à barbárie e desintegração social do capital. Embora admire figuras como Che Guevara, Trotsky, Lênin, não considero que Rússia ou Cuba foram socialistas - ou estavam no caminho certo - , inclusive, os próprios sabiam disso. O socialismo só pode ser realizado internacionalmente. Ele não pode e não será produto de revoluções sociais - por mais poderosas que sejam - em países atrasados e isolados. Mas, embora não veja socialismo na Rússia ou em Cuba, acredito que os regimes de ditaduras do proletariado e campesinato foram as experiências democráticas mais radicais da história contemporânea. Isso, naturalmente, antes das contra-revoluções que as destruíram por dentro, lideradas por burocracias partidárias únicas, verdadeiras autocracias.
Boff tem coisas excelentes escritas, mas não o considero coerente, em especial por suas palestras privadas a preços astronomicos, inviáveis para quem vive de salário mínimo.
O socialismo não deu certo no século XX, não porque havia falhas em seu projeto original. Ele foi derrotado na arena política e militar contra recursos bilionários de potências capitalistas que mobilizaram recursos como tortura, espionagem, arsenais nucleares, genocídios, etc. para miná-lo até as bases. Mas ele renasce em todas as partes e mostra que o futuro ainda pode ser seu. E se não for, caíremos na barbárie.
Meu caro Flávio:
ResponderExcluirConcordo com o seu ponto de vista, porém com ressalvas. O tema é bom para um debate, que talvez não seja apropriado no apertado espaço virtual do Blog de Celito Regmendes. Quem sabe possamos promover uma discussão presencial em Uibaí, a partir do texto de Eric Hobsbawm. Fica a idéia.
Acabo de ler o livrinho Os Caminhos de Mandela, escrito por Richard Stengel, de quem tomo emprestado o seguinte trecho, ao ensejo do tema que ora abordamos:
"Em seu mais famoso gesto de conciliação, Mandela estava usando o uniforme e o boné do Sprinkboks, nas finais, no Estádio Ellis Park, em Johannesburgo, em 1995. Quando caminhou, antes do jogo, para cumprimentar o capitão do time, o público, em sua maioria formada por brancos, começou a entoar "Nelson, Nelson!". Foi um dos momentos mais eletrizantes da história do esporte e da política. Tokyo Sexwale, que fora preso com Mandela na Ilha Robben, disse: "Aquele foi o momento em que compreendi mais claramente que a luta pela libertação não era tanto libertar os negros da servidão, mas libertar os brancos do medo".
Claro que Nelson Mandela é um personagem tanto ou mais contraditório que Leonardo Boff, mas seus erros e ecertos, ainda jovem no Congresso Nacional Africano, nos 27 anos de prisão a que foi submetido e no projeto que construiu após sair da prisão são preciosos insumos para reflexão e algum aprendizado.
Saudações,
Edimario